Uma grande parte das crianças e adolescentes brasileiros vive como dentro de uma bolha, protegida dos aspectos mais triviais da realidade. É preciso dar-lhes autonomia, porque o maior risco é criar uma geração despreparada para a existência.
Os pais super-protetores podem ser tão prejudiciais para a formação emocional de seus filhos, quanto os pais negligentes. Há um limite entre a preocupação aceitável e a excessiva, que pode fazer mais mal do que bem a uma criança ou adolescente. Os pais super-protetores valem-se de recursos tecnológicos, como o celular que permite monitorar as andanças da moçada e da nova dinâmica familiar, mas também os pais acabam abandonando a parte mais difícil da paternidade, que é deixá-los seguir em frente. Pais que adotam para si e para seus filhos esse tipo de estratégia ignoram uma peça-chave do desenvolvimento humano: a autonomia. É aquela capacidade – e sensação poderosa – de fazer escolhas. E também de aceitar seus próprios limites e reconhecer que, não raro, as escolhas podem estar erradas.
Num artigo recente, o psiquiatra americano Michael Jellinek, professor de Harvard e chefe da psiquiatria infantil do hospital Geral de Massachussetts, escreveu que no momento em que um bebê nasce, até a hora em que ele entra na faculdade ou sai de casa, a questão central de sua existência é conquistar independência. Tirar isso de um filho pode ser uma viagem sem volta. “Vemos o tempo todo exemplos de crianças que finalmente quebram a bolha em que vivem e se transformam em adolescentes rebeldes além do aceitável, um atalho para que se tornem adultos frustrados”.
Em geral, os pais super-protetores são inseguros e ansiosos. Temem que seus filhos deixem de amá-los, esforçam-se para não fracassar em sua educação, e têm pavor de ser julgados por parentes e amigos. Para eles, se o filho tira uma nota que os desaponta, vão direto à escola e exigem que ela seja mudada. Quando ele esquece um livro ou uma apostila em casa, correm para levá-lo à escola. Dessa forma, não permitem que ele sinta o constrangimento que serviria de alerta para que se lembrasse de tomar conta de sua vida.
Atualmente, a escola é o único espaço em que boa parte das crianças e adolescentes tem, de fato, de assumir responsabilidades. Ao passarem pelos portões escolares, deixam o posto de príncipe ou princesinha da família para se tornarem um entre tantos outros alunos. É um dos grandes pesadelos dos pais super-protetores: a exemplo do que ocorre na vida doméstica, eles exigem tratamento individualizado na escola. Sua interferência na rotina pedagógica é uma realidade constante.
Como efeito colateral da superproteção, os especialistas começam a notar um aumento no número de crianças ansiosas e inseguras. Não é difícil identificar uma delas em sala de aula: é a que pede atenção e aprovação para cada tarefa que realiza. Consulta os professores com muita freqüência. Tamanha dependência está na raiz da baixa auto-estima. O problema é tão presente nas escolas que, em algumas delas, são feitas atividades para estimular a autonomia desde pequenos.
Os pais super-protetores podem ser tão prejudiciais para a formação emocional de seus filhos, quanto os pais negligentes. Há um limite entre a preocupação aceitável e a excessiva, que pode fazer mais mal do que bem a uma criança ou adolescente. Os pais super-protetores valem-se de recursos tecnológicos, como o celular que permite monitorar as andanças da moçada e da nova dinâmica familiar, mas também os pais acabam abandonando a parte mais difícil da paternidade, que é deixá-los seguir em frente. Pais que adotam para si e para seus filhos esse tipo de estratégia ignoram uma peça-chave do desenvolvimento humano: a autonomia. É aquela capacidade – e sensação poderosa – de fazer escolhas. E também de aceitar seus próprios limites e reconhecer que, não raro, as escolhas podem estar erradas.
Num artigo recente, o psiquiatra americano Michael Jellinek, professor de Harvard e chefe da psiquiatria infantil do hospital Geral de Massachussetts, escreveu que no momento em que um bebê nasce, até a hora em que ele entra na faculdade ou sai de casa, a questão central de sua existência é conquistar independência. Tirar isso de um filho pode ser uma viagem sem volta. “Vemos o tempo todo exemplos de crianças que finalmente quebram a bolha em que vivem e se transformam em adolescentes rebeldes além do aceitável, um atalho para que se tornem adultos frustrados”.
Em geral, os pais super-protetores são inseguros e ansiosos. Temem que seus filhos deixem de amá-los, esforçam-se para não fracassar em sua educação, e têm pavor de ser julgados por parentes e amigos. Para eles, se o filho tira uma nota que os desaponta, vão direto à escola e exigem que ela seja mudada. Quando ele esquece um livro ou uma apostila em casa, correm para levá-lo à escola. Dessa forma, não permitem que ele sinta o constrangimento que serviria de alerta para que se lembrasse de tomar conta de sua vida.
Atualmente, a escola é o único espaço em que boa parte das crianças e adolescentes tem, de fato, de assumir responsabilidades. Ao passarem pelos portões escolares, deixam o posto de príncipe ou princesinha da família para se tornarem um entre tantos outros alunos. É um dos grandes pesadelos dos pais super-protetores: a exemplo do que ocorre na vida doméstica, eles exigem tratamento individualizado na escola. Sua interferência na rotina pedagógica é uma realidade constante.
Como efeito colateral da superproteção, os especialistas começam a notar um aumento no número de crianças ansiosas e inseguras. Não é difícil identificar uma delas em sala de aula: é a que pede atenção e aprovação para cada tarefa que realiza. Consulta os professores com muita freqüência. Tamanha dependência está na raiz da baixa auto-estima. O problema é tão presente nas escolas que, em algumas delas, são feitas atividades para estimular a autonomia desde pequenos.
As crianças superprotegidas acham que os outros resolverão todos os seus problemas. Por isso, o risco de se tornarem compulsivas ou entrarem no universo das drogas é maior.
Outro estudo mostra que a falta de obrigações dentro de casa tem criado uma geração pouco preocupada com o próximo. E o pior: os pais estão relutando como nunca em pedir ajuda doméstica aos filhos. Não há nada de errado em distribuir tarefas: é bom para a autodisciplina e para ajudar a construir a autoconfiança.
Eliminar do desenvolvimento infantil todo desconforto, as decepções e até mesmo a brincadeira espontânea (aquela em que não há a interferência do adulto) – e ainda por cima pressionar as crianças com a exigência de sucesso total – é um erro de rumo gravíssimo. Sem enfrentarem desafios próprios nem se confrontarem com limites, as crianças tornam-se adultos incapazes de superar as vicissitudes.
As conseqüências da infância e adolescência superprotegidas já são mensuráveis: os jovens atualmente levam mais tempo para sair de casa, começar a trabalhar e formar uma família. Quando chegam ao mercado profissional, não conseguem lidar com as exigências reais. Freqüentemente se sentem injustiçados e incompreendidos. E frustram-se com facilidade.
A criança superprotegida tende a ser: medrosa, manhosa, insegura, dependente e impaciente. E pode se tornar um adulto: egoísta, individualista, com dificuldades de relacionamento e de fazer escolhas.
Em resumo, se você quiser ter um filho com possibilidade de ser feliz (nunca há garantias), proporcione a ele a liberdade possível em cada etapa de sua vida. E lembre-se do que disse o escritor francês Honoré de Balzac (1799 – 1850): “Chega um momento na vida íntima das famílias no qual os filhos se tornam, voluntária ou involuntariamente, juízes de seus pais”. Para ter um julgamento razoavelmente justo, não seja negligente – mas também não seja super protetor.